Há uma iniciativa instituída pela Resolução Normativa n° 440 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) chamada “Programa de Certificação de Boas Práticas em Atenção à Saúde”, que objetiva incentivar as operadoras de planos de saúde a desenvolverem redes de atenção ou linhas de cuidado em atenção primária à saúde do paciente, com o intuito de oferecer um serviço mais eficiente para os beneficiários, como por exemplo, reduzir as idas desnecessárias em unidades de emergência.
No entanto, existem outras iniciativas focadas em ajudar a impulsionar as mudanças de comportamento, de modo a colaborar na redução da variabilidade no cuidado. Veja quais são elas:
- Adoção de novas abordagens no cuidado
Abraçar novas abordagens de cuidado é sempre difícil. Quando ocorre em ambientes de alta pressão, esta dificuldade se amplifica dada a condição que envolve uma doença e a sobrecarga que ela pode gerar. Estamos falando de profissionais com elevadas cargas de trabalho e responsabilidades. Além disso, por vezes em situações críticas, de alta periculosidade, e por que não dizer também geradoras de conflito, muitos preferem confiar em abordagens já bem estabelecidas e incansavelmente repetidas por acreditarem serem mais efetivas. Ou seja, por desconhecimento, medo e pouca disponibilidade para o novo, esses profissionais simplesmente ignoram a possibilidade de estarem obsoletos e ultrapassados.
Investimentos em processos seguros e em recursos que visam a qualidade do cuidado, têm demonstrado excelente oportunidade para a garantia da sustentabilidade do sistema de saúde. É preciso vencer barreiras e incentivar os provedores de assistência médica a elevar consistentemente o padrão geral de atendimento em todos os pontos de contato do paciente com a implantação de linhas de cuidado mensuráveis, desenvolvidas por uma equipe multiprofissional.
- Implementação do cuidado com base em evidência científica
Os profissionais de saúde nem sempre praticam padrões e métodos de cuidado atualizados. Eles têm cada vez menos tempo para navegar pelas diferentes bases de dados e publicações de qualidade, das quais encontram as mais recentes evidências médicas. Com o avanço da tecnologia tudo muda, todos os dias. Algumas alternativas surgem e outras são descartadas, o que dificulta a padronização do cuidado de forma efetiva. Como resultado, ocorre o desgaste do profissional e atendimentos que se sobrepõem uns aos outros de forma incoerente. Acompanhar o grande volume da literatura médica, que se renova constantemente, é complexo e demanda um tempo que não costuma estar disponível no dia a dia. Desta forma, o profissional da saúde está sempre correndo risco de tomar decisões desatualizadas ou não baseadas em evidência.
- Padronização do atendimento por meio de protocolos de cuidados
Processos, abordagens e soluções de cuidados desconectadas, ou isoladas, dificultam a padronização do atendimento prestado ao paciente. A consolidação entre grupos assistenciais tem ampliado ainda mais o problema. As novas instituições de saúde herdam ou são obrigadas a absorverem processos e soluções desconexas, que acabam gerando ineficiência e inconsistência dos processos assistenciais. Como harmonizar os diferentes processos entre as partes envolvidas, constitui uma indagação difícil de ser resolvida.
Em suma, evidências e harmonização de conteúdo ajudam na equação: comportamento x variabilidade do cuidado. Ou seja, garantir que o mesmo conteúdo seja acessado tanto por todos os provedores envolvidos nos cuidados, como por pacientes. A transição dos modelos assistenciais frequentemente contrapõem os atendimentos realizados de forma separada e controversa entre hospitais, clínicas e farmácias.
No melhor dos mundos, com a adoção das iniciativas acima referidas, o cuidado recebido poderia ser coordenado, consistente, e não sofreria variações dependendo do provedor, local de atendimento, fonte de financiamento, ou mesmo da condição pública ou privada.
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