mudanças e estilo de vida

Mudanças e Estilo de Vida – Parte II

Estar informado não tem a mesma dimensão do conhecer, que na sua origem latina – cognoscere – significa adquirir conhecimento através da experiência.

A visão de vida que atende ao imediatismo está entre as razões que justificam a mudança de comportamento. A mudança é muito mais difícil quando as consequências funestas só ocorrem a longo prazo e os riscos não são sentidos como um perigo eminente.

Muitos outros argumentos, como o racionalismo e o ceticismo, poderiam ser levantados para justificar a manutenção de comportamentos que são potencialmente lesivos ou mesmo letais. Entretanto, o principal motivo deve-se à grande dificuldade que nós temos de nos antever a posição cômoda, usual, inercial e duradoura que caracteriza o hábito.

Estratégias especiais devem ser utilizadas no auxílio às pessoas que querem mudar os seus hábitos, porém, antes de mais nada, elas precisam estar motivadas. Se elas realmente não quiserem, nada poderá ser feito.

Entre estas estratégias, consideramos as intervenções cognitivas e comportamentais como metodologias úteis e apropriadas. Através delas oferecemos a oportunidade para que estas pessoas possam identificar, avaliar, conhecer melhor e reestruturar suas percepções, sentimentos, pensamentos, reações e comportamentos relacionados à saúde.

Este trabalho pode ser complementado com recursos como relaxamento progressivo, contratos comportamentais, materiais de apoio, reeducação postural frente ao espelho, exercícios físicos aeróbicos e de alongamento. A colaboração de familiares e amigos pode ser obtida com a participação destes em algumas atividades onde se reforça a motivação para mudança e se trabalha a adequação de eventual postura hostil, super protetora ou demasiadamente crítica no padrão de comunicação interpessoal.

Além do eixo cognitivo do processo educativo que se dá através da experiência, da percepção, da sensação, da imaginação e da representação, outros dois princípios básicos devem ser respeitados. Todas as pessoas têm uma noção, que por mais simples e distorcida que possa parecer, é a que mais se aproxima da informação nova e desconhecida, a partir da qual todo o processo educativo deve ser programado.

Jogar a bola com os pés pode ser tudo que uma pessoa sabe para iniciar o aprendizado do futebol. Progressivamente, é percebido que este jogo é feito com dois times de dez jogadores e um goleiro, que dependendo da posição no time são necessárias diferentes habilidades técnicas, até o reconhecimento de complexas disposições táticas que os times podem adotar.

Todo esse processo se dá por etapas, onde a anterior é a base para a seguinte, como os degraus de uma escada. A técnica de metodologia ativa conhecida como “Grupo Operativo” admite que todas as pessoas têm um esquema interno de referências e conhecimentos que seriam como os degraus desta escada. Ao mudarem de patamar, estão ao mesmo tempo incorporando saber e modificando seu comportamento. Mais um exemplo que deixa claro o vínculo metodológico estreito existente entre a proposta educativa e a proposta terapêutica.

O terceiro conceito básico de nossa equipe de trabalho diz respeito a ação de caráter interdisciplinar. A integração de profissionais de diferentes áreas de formação como a educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, nutrição, odontologia, psicologia, serviço social e terapia ocupacional deve ser mais do que multiprofissional, mais do que a simples soma de conhecimentos de áreas estanques e compartimentais.

Artigo redigido por
Moacyr Nobre & Rachel Zanetta
Cognos – Inovação em Saúde